No primeiro dia da reaplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os candidatos realizaram provas de Linguagens, Ciências Humanas e Redação. Esta última gerou expectativas. Diferente de outras edições do exame, neste domingo (9), a temática da redação não foi revelada minutos depois do início da avaliação. 

Já no final da tarde, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, anunciou, pelas redes sociais, o tema: "Reconhecimento da contribuição das mulheres nas ciências da saúde no Brasil". A temática de acordo com os professores da disciplina, Lourdes Ribeiro e Felipe Rodrigues, foi de "fácil abordagem". 

"O tema foi mais uma vez peculiar, porém com fácil abordagem. Traz consigo ciência e saúde, com o tocante da figura feminina, altamente necessário", aponta Felipe Rodrigues. Lourdes Ribeiro traz como exemplo, a personagem Kate Dibiasky, da produção 'Não olhe para cima', da Netflix. "O tema é surpreendente, já que o mais adequado seria falar sobre a falta de reconhecimento ou a necessidade de reconhecimento da mulher na ciência, como mostrado de maneira crítica no atual filme 'Não olhe para cima'".

No entanto ela pondera e chama atenção para as solicitações dos textos de apoio disponíveis na prova. "Apesar que, como não vi os textos de apoio não sei ao certo o direcionamento que está sendo dado a temática".

Para a docente Beth Andrade, ressalta que o tema atual foi equivalenta à primeira aplicação, "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil". "Os dois [temas] tiveram relevãncia e o mesmo nível, ou seja, nem foi muito mais fácil e nem muito difícil. Foram equiparadas". 

E complementa: "Se o aluno ele se prendeu, se ele se atentou às palavras chave aí do recorte temático, reconhecimento, contribuição, mulheres, ciência da saúde, então se ele conseguiu aplicar isso dentro da sua redação e dizer porque é importante reconhecer as mulheres são reconhecidas porque é importante que as mulheres tenham esse reconhecimento porque é importante que as mulheres eh possam trazer essa contribuição pra ciência eh da saúde pública no Brasil". 

O tema coloca em debate as ações do Governo Federal acerca do incentivo à ciência e pesquisa no país, que não foram muitas e alvo de críticas. Questionados sobre possíveis críticas a gestão atual, no que se refere à pesquisa e ciência, diante dos cortes orçamentários da universidade federais e crise na Capes,  os docentes são categóricos. "As críticas são necessárias para chegar no denominador “negligência à ciência”, servindo como escopo probatório", ressalta Rodrigues.

Lourdes comenta que críticas podem aparecer no textos, desde que sejam embasadas. "O candidato tiver argumentos e souber se posicionar pautado em fatos e não em achismo, não há como ter a redação zerada. E, claro, tomando cuidado para não fugir do tema. Se a temática der espaço para críticas baseadas em fatos, não há problema algum", destaca.